A melhor memória
“Quando penso em você, fecho os olhos de saudade”
Canteiros, Raimundo Fagner
Todas as noites, após o jantar, ao som de um velho toca-discos de vinil, eu era embalada no colo do meu pai, que dançava comigo na sala de estar – pais não são perfeitos, mas essa é a memória perfeita de meu pai. Na verdade, uma das melhores lembranças que guardo. Talvez por isso, ainda hoje, a música soe tão bem aos meus ouvidos. Aprecio detalhes dela, letra, ritmo e melodia. Ela me acalma, me reconecta com o que sou, com as pessoas, com o que desejo e o que eu preciso. Lembro que uma das músicas dizia: “Pequenina do meu amor, você vai crescer, ai que pena, ai que pena!” Bom, certa noite, meu pai viajou e levou o toca-discos! E contam que nada, nem ninguém, me fazia dormir.
Falar de pai não é coisa fácil! E é nada justo que deixemos de falar. Como cantava Fábio Júnior, eles são “os nossos heróis e nossos bandidos”, no mais amplo sentido das palavras. Os pais estão nascendo para relações profundas e mais expressivas de afetividade e de proximidade com os seus filhos e filhas. Lembro de Jesus, que nos aproximou de Deus, dizendo que o nosso Pai, que está no céu, cuida da gente tanto quanto ou mais do que cuida dos passarinhos; e nos dá o que precisamos tanto quanto, ou mais, veste as lindas flores do campo (Mt 6.25ss).
Saber disso também me acalma e me faz voltar para a memória afetiva do meu pai, que me fez crescer confiante. Temos um Deus muito próximo, a quem Jesus nos ensinou a clamar Aba, que quer dizer em aramaico “paizinho”, bem parecido com os pais da gente. O amor, e só o amor, nos faz crescer confiantes. É bem verdade que nas horas mais difíceis e nos momentos mais vulneráveis da nossa vida, Deus nos carrega, nos conforta, nos embala no seu colo. E você, qual é a melhor memória que você guarda ou guardará do seu pai?
Oração: Pai de amor, te louvamos e agradecemos por todas as vezes em que nos carregaste no teu colo paterno e bondoso. Que vençamos a timidez, para que possamos reconhecer, expressar e guardar em nossa memória o amor e o cuidado em nossas relações de pais e filhos e filhas. Amém.
Pa. Cláudia P. S. Pacheco
Paróquia Evangélica de Confissão Luterana São Miguel em Dois Irmãos
